22.10.10

das confissões do eu

fundo ------------
e se pudesse se infiltrar por entre as malhas do corpo, labirintos biológicos? veria o que quero mostrar, sem saber, o que entenderei amanhã, depois ou jamais. veria o que é feio e tão profundamente humano, o que sangra litros. e veria. veria as verdades que ninguém diz, que nunca serão ditas. e veria os desejos que não se permite florescer. e os cansaços de todas as relações que se degradam, porque o tempo não perdoa as perdas, as dores e as quebras. e veria os finais que evitamos, e os finais tão fundos que se perdem para sempre, gerando incompletudes irremediáveis. veria todas estas escuridões guardadas às pressas, ao avesso, e as lembranças que incomodam, e os segredos. ah! os segredos. veria as aguas que ja passaram e permanecem, ainda assim, partes de sono e esconderijos potentes. veria mares de possibilidades tombadas, os que foram feridos, e as pontas das lanças cobrindo metros de chão. você veria cores lindas, de saudades e primeiros encontros, cores de tardes de outono, decepções e fotos perdidas. veria...

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